Enfrentar a realidade, às vezes, desperta um profundo
sofrimento em nós. Um sofrimento tão grande e intenso que se pudéssemos
diríamos não, ou melhor, não diríamos nada. Negaríamos tamanha dor.
Jesus, nosso mestre, enfrentou a realidade do sofrimento. A narrativa
da sua vida nos conta que no episódio do Horto das Oliveiras, em profundo sofrimento,
ele falou: “Pai, se possível afasta de mim esse cálice (Mt 26, 39)”. Será o
cálice da realidade? Será o cálice do que Ele gostaria que fosse diferente e
não era? Ou seja, o cálice de viver o sofrimento sem poder fazer nada para
modificar a realidade vivida e sentida na pele?
Por vezes, também, nós desejamos, queremos e falamos a mesma
coisa e pedimos o afastamento da realidade que nos desperta angústia, dor,
tristeza e lágrimas. Nesse momento, o mistério da paixão do Senhor ilumina a
nossa paixão. O mistério de sua acolhida da realidade e sua resposta ao sofrimento
ao dizer: “Pai, contudo, não o que eu quero, mas o que tu queres seja feito (Mt
26,39)” nos consola e nos conduz a enfrentar os momentos difíceis da nossa vida.
Ele passou o mesmo. Ele enfrentou a sua realidade dolorosa.
E nós decidimos segui-lo. Por isso, enfrentar a nossa realidade, seja ela qual
for, faz parte do nosso seguimento, da nossa escolha por Jesus. No entanto, não
estamos sozinhos porque Ele nos fez a mais linda promessa dizendo “eu estarei
convosco todos os dias até o fim” (Mt28, 20).
Enfrentar o sofrimento e passar pelo horto da nossa
realidade é uma travessia que nos pertence e não é possível transferi-la para
outra pessoa. A verdade é que o sofrimento nos atravessa e nos transforma em seguidores do Senhor.
Leitura bíblica: Mateus 26, 36-46 e Mateus 28, 16-20.
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