A escrita de si

Comecemos o ano novo no dia em que julgarmos que é novo e comecemos fazendo algo que desperte sentido para nós, como por exemplo: escrever (é o que faço agora), jogar bola, ler um livro em voz alta, dançar na chuva, visitar um doente, hospedar alguém, etc. Abrimos nossa agenda e começamos a planejar o ano de 2019 – ou o ano novo que se inicia quando julgamos novo – e ao anotarmos nossos compromissos temos a sensação e a verificação de que alguns compromissos não cabem na agenda e, ainda, tem outros que queremos acrescentar! Será que nos falta ou temos pouco tempo?! Afinal, os compromissos não cabem e queremos colocar outros! Sêneca nos diz que “não dispomos de pouco tempo, mas desperdiçamos muito”! Desperdiçamos com coisas que não ligam nada a coisa alguma! O que realmente toca o nosso coração e o move junto com nossa inteligência e vontade para ser feito? Neste ano novo, suspeitemos se esses compromissos, mexem com todo o nosso ser! Se mexer, então, dediquemos a...

A vida da primeira comunidade - Atos 2, 42-47  A palavra “a fração do pão” nos faz pensar na mesa eucarística.  O lugar da ação de graças é a mesa. Este é o lugar da abertura, da contemplação, do diálogo, da comunhão. Comunhão é comungar, alimentar-se da vida um do outro, ser pão partido ao outro. Alimentar o outro com a partilha da nossa vida, com tudo aquilo que somos, amamos e temos: nosso tempo, nossos afetos, nossas dores, desejos, sonhos, desilusões. Tudo na mesa se torna alimento que nutre a escolha por Jesus e a nossa caminhada e permanência com Ele. Por um lado, alimentamos e por outro somos alimentados. Isso significa se deixar alimentar, também, por tudo o que o outro é e tem pra nos dar, seu pão: não importa se é grande ou pequeno, se sua partilha é de algo grande ou pequeno em sua vida, mas é algo de sua vida, é seu. Nutrir-se uns dos outros. Oferecer e receber àquilo que somos, amamos e temos, a exemplo do Senhor, é profundamente evangélico. Isso acontec...

A imagem do tsunami é uma imagem que ilustra nossas vivências. Às vezes, temos que recomeçar a nossa vida depois de um tsunami, isto é, depois da destruição. Tudo o que construímos já não existe mais. A única coisa que permanece conosco, depois deum evento como este, é a nossa história. Sim, a nossa história é o nosso único pertence, aquilo que não foi destruído e que trazemos conosco para recomeçar, em outro lugar, com outras pessoas, uma outra vida. Por vezes, não é nada fácil, porque nossos referencias estão todos no passado, naquilo que se foi e não podemos nem mais tocar com nossas mãos. Não nos é mais possível ver e tocar o que materialmente se foi. Apenas sentir com nosso coração e com nossa memória. Como numa página em branco, começamos de novo a escrever do nosso jeito nossos passos. Começamos do fim. Começamos do tsunami. Este é o evento que inicia nossa nova trajetória. O que iremos encontrar, sentir, conhecer daí pra frente, não sabemos porque nada está escrito. Sa...